sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Caminhos - Vieira Vivo - crônica


     Há quarenta e oito horas não conseguia carona. Parado em uma localidade hostil, à beira do trevo, e ciente dos perigos das rotas à frente: a floresta densa e pequenas cidades afastadas por quilômetros de solidão e esquecimento. E, ainda a lama recobrindo tudo em meio ao âmago central do continente.

     Ao descer naquelas paragens, vindo na boléia de um caminhão madeireiro, que a partir dali infiltrara-se, ainda mais, na selva, não imaginava o quanto seria penosa sua permanência por aquelas bandas. As pessoas o olhavam com desdém e rancor. Não conseguiu vender nenhum artesanato para comprar comida. Tampouco conseguiu alimentar-se  esmolando.  Desde  que  chegara nenhum outro caminhão ou veículo havia tentado arrastar-se por aquelas estradas de lamaçal e armadilhas.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Universo Paralelo - Vieira Vivo - crônica

     Haviam se conhecido pelo mundo viajando e vendendo artesanato. Eram estradeiros de primeira hora. Dialogavam filosofias e natureza, livros e canções, flautas e ervas. Os corpos sempre habituados ao relento sono e a um brilho cristalino envolvendo cada ação. Um deles, argentino, também nada possuía e como o outro, percorria o planeta de carona ou a pé. Naquela manhã encontraram-se no Terreiro de Jesus, em Salvador, e conversaram sobre novas e prementes caminhadas. Batalharam o desjejum e, após, firmaram datas. Um sairia sexta-feira e o outro pegaria a estrada um dia depois.

     Após três meses, um deles dormia num  banco de  concreto  na  rodoviária de Parati. A manhã chegou com motores e bagagens, pessoas e burburinhos, obrigando-o a incorporar-se ao matutino movimento humano. Após guardar as cobertas na mochila, sentou-se observando a cidade, quando, de repente, viu o amigo saltar de um caminhão à sua frente. Abraçaram-se sorrindo com entusiasmo e comentaram o fato inusitado de chegarem pontual-mente, um dia após o outro, tendo, já se passado meses após a partida.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Estradas e bandeiras - Vieira Vivo - crônica

     A estrada recortava a mata em curvas e retas através do cerrado onde naquele dia o sol deitaria à sua frente. O recanto inteiro transpirava ao verão, impregnando o mundo de aromas. Em meio ao cheiro de cacau, capim e bosta de gado seus passos desciam a geografia dos mapas enquanto os olhos elevavam-se aos céus vasculhando a casa dos astros. Naquele entardecer, a cada passo, a abóbada multifacetava-se em nuvens e cores ao balanço dos ventos e da rotação do tempo. Todo o universo sempre em movimento. A planitude do relevo e o teto circular da terra formavam, como por encanto, rosados anéis salpicados por faiscantes raios da primeira estrela e pelo circular bailado da lua nova.-

     Esquecido estava dos homens e motores, que vão passando ao nos ver passar, que prosseguiu a caminhada e ao voltar a si, já anoitecera. A noite trouxe faróis e canseira, sono, trevas e mosquitos. Adentrou por um caminho um pouco além do asfalto e numa clareira estendeu o plástico e o lençol sobre a grama e coberto adormeceu cercado por milhares de ferrões, zumbidos e calombos de mordidas. O sono chegou pesado trazendo imagens velozes, sonhos convulsos e giratórias imagens.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

VIEIRA VIVO

 Tópicos típicos

Nasceu em Santos em 1954.
Poeta da geração mimeográfo, é integrante do Grupo Picaré. No ano de 2008 retomou as atividades literárias tornando-se coeditor e encadernador da Ed. Costelas Felinas (livros artesanais).
Reeditou seu primeiro livro Mingau das Almas e criou a revista lítero temática Cabeça Ativa, juntamente com Cláudia Brino.
É também integrante do Grupo CPL (performances poéticas), membro do Clube de Poetas do Litoral - CPL, da IWA (international Writers Associacion), ativista cultural, encadernador,  letrista e radialista (DRT 23545).

 Para saber mais da Ed. Costelas Felinas - acesse: www.movimentoativista.blogspot.com
www.facebook.com/editoracostelasfelinas

Típicos tópicos 


Poeta da geração mimeógrafo, andarilho nos anos de contra cultura por litorais, montanhas, selvas e cordilheiras; geminiano de rotas antagônicas; viúvo duas vezes; sobrevivente de caminhos tortuosos; artesão viajante; letrista de banda amadora; bem adaptado ao relento sono quando não teve onde morar; cambista de jogo de bicho na boca do lixo; dependente da demência voluntária e liberto por tratamento metafísico intensivo; viajante consciente de trip cristã onde, no púlpito, pregou boas novas e libertação, mais adiante, em nova jornada, executou labores burocráticos no setor privado, passou pelo funcionalismo público onde num urro de independência quebrou a armadura da estabilidade; três prisões por motivos fúteis com direito a um espancamento pela PM; concluiu a contento o projeto de conceber e criar um filho até a idade adulta; empresário no ramo da pintura industrial, contou com dezenas de funcionários antes de atingir a meta de, finalmente, ver-se falido; estudo superior incompleto; radialista aficionado em rock, blues e MPB alternativa; em 2008 retornou à literatura, após vinte e cinco anos,  ao encontrar, por fim, o amor, a alma gêmea e a si mesmo em uma nova e poética trajetória.

 Livros 
  • Centelha Insana - (poesia - 2014)
  • Trajes Poéticos - coletânea (2014)
  • Humor Cego - (2011)
  • Aladas Ondas ao Nada (poesia - 2010)
  • Solo Fértil (poesia - 2010)
  • Pérola Verde - fotopoesia (poemas de Vieira Vivo / fotos de Cláudia Brino) - (2010) - português, inglês e espanhol
  • Objetos D’versos (com Cláudia Brino) - (2009)
  • Agudas Crônicas (2009)
  • Sopa de Letras (1981)
  • Mingau das Almas (1980 / reedição atualizada 2008) 
Participação em livros:
  • Picaré – Uma dúzia de poetas (Antologia) - (1982)
  • A Produção Independente na Literatura org. Raul Christiano Sanches - (1982)
  • Impressões – Antologia Poética - (2008)
  • Barlavento – Antologia Poética do Clube de Poetas do Litoral (CPL) - (2009)
  • Poetas Caiçaras de Vanessa Ratton – 2º lugar Concurso Poetas Caiçaras - (2010)
  • 100 anos de Jorge Amado (homenagem de escritores brasileiros) - org. Iracema M. Régias - (2013)
  • Antologia Trajes Poéticos - (2013)
  • Qual a importância da Biblioteca para você? - organização Selmo Vasconcellos (2013)
  • De Mim e dos Que Amo - de Cida Micossi - PANTUN a quatro mãos - (2014)
  • Eternos Elos (org. Selmo Vasconcellos) - 2014
Prefácios e apresentações:
  • O lagarto também pensa poema de Dartagnan Holanda
  • Gargalhada na Catedral de Aristides Theodoro (contracapa)
  • Antologia Noite das Flores
  • Almas com Fome de Cláudia Brino
  • Momentos de Cláudia Brino
  • Plenilúnio de Valdir alvarenga
Prefácios em parceria com Cláudia Brino
  • Antologia Cardápio Poético
  • Jardim das Almas de Geraldo Sant'Anna
  • Teias de Tanussi Cardoso
  • Antología de Poesía Cubana del Grupo Convergencia
  • Essa Valsa é Nossa de Iracema M. Régis (contra-capa)
  • Antologia Impressões
  • A Ceia do Passo Lavrador de Mauricio C. Batista
  • Ludicidade de Ludimar Gomes Molina (contra-capa)  
Organização e/ou Seleção de textos
  • Antología de Poesía Cubana Grupo Convergencia
  • Revista Poesia Adesiva
  • Safra Velha de Cláudia Brino 
  • Musa Atômica de Sidney Sanctus (juntamente com Cláudia Brino)
  • bonsai de versos de Paulo R. Rodrigues (juntamente com Cláudia Brino)

Citações em livros:
  • Coleção ETEC - região de São José do Rio Preto
  • A Caminho do Umbigo de Geraldo José Sant'Anna
  • Antologia CinePoesia - org. Cláudia Brino
  • Coletânea CineZen - org. Anzdré Azenha
  • I Antologia Fac. Anchieta SBC - org. Rosana Limeres
  • Dez anos do grupo Pau a Pique -  org. Antonio do Pinho
Publicações em:
Folhetim mimeografado Coração do Morro (editor), Livreto mimeografado “Luz, Esperança e Natureza” com Antonio do Pinho, Boletim Literatura & Arte de Humberto Del Maestro, Cotiporã Cultural e Boletim IWA.
Revistas: Picaré, Cultural Zênite, CinePoesia, Releituras, Mirante, Cabeça Ativa, Trajes Poéticos, Prisma Cultural e La Fôret des Milles Poèts (ed. 64/França)
Jornais: O Caiçara, Alto Madeira (Porto Velho-RO), O Nheçuano (Roque Gonzales - RS), O Capital (Aracaju-SE), Letras Santiguenses (Santa Maria-RS)